Cabeço das Rolas
ARQ. GONÇALO RIBEIRO TELES*
Este jardim é a maior elevação do Parque das Nações, com várias plataformas relvadas e uma vista abrangente, chegando a atingir os 33 metros acima do nível do Tejo. Terá sido, em tempos, um ponto de passagem de rolas no seu trajeto migratório, de sul para norte, daí o seu nome.
Dada a elevação do terreno, o projeto contempla uma paisagem em socalcos que tira partido do local de implantação do jardim.
Concebido como um espaço público urbano para ser usufruído pelas pessoas, é marcado por áreas verdes e planos de água que incluem:
- Um lago de 2.500m2 com várias espécies vegetais aquáticas – trata-se de um aproveitamento do antigo tanque de incêndios da refinaria;
- Um jardim de água, que corresponde à recuperação de dois tanques de menor dimensão existentes no local;
- Árvores de várias espécies – laranjeiras, ciprestes, zambujeiros, oliveiras, castanheiros – mata e outros espaços verdes, de que pode ser exemplo um labirinto de arbusto;
- Diversas estruturas de ensombramento destinadas a criar zonas de estar;
- Os pavimentos são de materiais como saibro, cerâmica ou calcário e granito nas zonas de calçada à portuguesa.
*Gonçalo Ribeiro Teles é um arquiteto paisagista de referência. É um homem à frente do seu tempo. Pioneiro na defesa de conceitos de equilíbrio ambiental e sustentabilidade da vida nas cidades. Em todas as suas atuações profissionais, políticas ou cívicas nunca desistiu de dar passos no sentido de fazer cidades melhores e com mais qualidade de vida para os cidadãos.
O projeto mais marcante da sua carreira é, provavelmente, o jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto — recebendo, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975. Mas também na capital merece destaque o conjunto de projetos que concebeu, entre 1998 a 2002, por solicitação da Câmara Municipal, entre os quais está o Cabeço das Rolas; o planeamento das estruturas verdes principal e secundária da Área Metropolitana de Lisboa; o espaço público do Bairro das Estacas, em Alvalade; os jardins da Capela de São Jerónimo, no Restelo; a cobertura vegetal da colina do Castelo de São Jorge; o Jardim Amália Rodrigues (1996), junto ao Parque Eduardo VII.